Vera Terezinha Maluly Pacheco

Como meu trabalho de mestrado pode contribuir com o Construcionismo Social.

No meu trabalho de mestrado, intitulado “Resiliência Familiar: Imigração Sírio Libanesa – Estratégias de Enfrentamento para Adaptação”, foram analisados os numerosos aspectos que envolvem o processo de migração. E para tanto, fiz uso do método de História de Vida. Esse método se insere nas metodologias qualitativas (Abordagens Biográficas) que surge com a Escola de Chicago. O método de História de Vida objetiva apreender as articulações entre a história individual e a história coletiva, uma ponte entre a trajetória individual e a trajetória social. Este método também nos mostra a importância da construção do vínculo entre pesquisador e a pessoa pesquisada, condição essencial para o desenvolvimento da pesquisa. Nesse sentido, o compromisso maior do pesquisador é com a realidade a ser compreendida. Para uma melhor compreensão do método, cito algumas de minhas observações: Preocupação com o vínculo entre pesquisador e pesquisado; Há uma produção de sentido tanto para o pesquisador quanto para o sujeito: “saber em  História contada da maneira própria do sujeito; Ponte entre o individual e o social.

O método auxilia a entender, observar, estudar, compreender as relações individuais e sociais que se estabelecem na vida de um imigrante na sua história de vida desde a partida de sua terra natal até o estabelecimento na nova pátria.

Quando o indivíduo se apropria, do contexto social que o cerca (no caso do imigrante, na sua nova pátria), ele passa a ter desenvolvimento positivo, individual e socialmente. O método História de Vida é uma ferramenta poderosa, tanto para o pesquisador, no afã de capturar a essência da história do pesquisado, como principalmente para este último, que tem a possibilidade ímpar de revisitar sua história de vida, dando-lhe, quando oportuno, novos significados.

O método pressupõe, como condição indispensável (sine qua non), o desejo do entrevistado de contar sua vida. Pede-se ao sujeito que conte sua história, como achar melhor – nos moldes de entrevista não-estruturada. Essa pessoa é escolhida a partir das relações já desenvolvidas pelo pesquisador no contexto, de acordo com seu desejo de participar. É a partir da relação que vai sendo estabelecida – o vínculo, a confiança, a construção de sentidos – que o método se desenvolve. Trata-se da interlocução.

A História de Vida pode não ter um único sentido, mas sim vários – na concepção de que o relato não corresponde necessariamente ao real. O que importa é o sentido que o sujeito dá a sua realidade,

O relato colhido é uma produção de si que o sujeito elabora e não uma apresentação de si. A maneira como o indivíduo conta oferece o acesso a outras dimensões, como ao sociológico, a ponte entre sujeito/ coletivo. Ao contar sua vida, o sujeito fala de seu contexto – fala do processo por ele experimentado, intimamente ligado à conjuntura social onde ele se encontra inserido. Ao se trabalhar o vivido subjetivo dos sujeitos, através do método de História de Vida, temos acesso à cultura, ao meio social e aos valores.